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      EDITORIAL

      [IDEE Diálogos] Raphael Dias

      21  junho  2024 | ARTE

      Com inspiração no movimento modernista, o artista têxtil Raphael Dias encontra sua força visual no tempo: da pesquisa histórica do tecer às composições em recortes de papel. Formas orgânicas, cor e movimento marcam as tapeçarias produzidas por ele, trazendo elegância e leveza aos ambientes.

      Raphael integra a coleção de obras contemporâneas criadas para o Casa NOMAA. As tapeçarias da série intitulada “Acrônico” foram produzidas especialmente para presentear os compradores do recém-lançado Casa Nomaa e Nomaa Offices — e compõem a atmosfera da Galeria IDEE.

      Nesta conversa, o artista compartilha um pouco sobre o seu processo.

      Poderia nos contar sobre sua trajetória e como nasceu o interesse pela tapeçaria? 
      Quando eu mudei de Curitiba para São Paulo, em 2015, iniciei junto com meu sócio a Casa Diária, hoje, Acervo Diária. Um espaço onde fazemos curadoria de marcas e artistas independentes. Imerso nesse universo, também iniciei minhas explorações artísticas e expus meus trabalhos por lá, inicialmente pinturas e fotografias. Eu sempre tive interesse pela parte têxtil, e em uma viagem para Portugal, estive no hotel Casa Mãe, e ele é repleto de tapeçarias da designer portuguesa GUR. Fiquei encantado com o efeito visual e aconchegante das tapeçarias. Com a pandemia em 2020 senti a necessidade de explorar ainda mais o fazer manual. Foi então que comprei uma agulha de crochê e algumas lãs para experimentar, e saiu a minha primeira peça, que está até hoje no meu ateliê. Dali em diante fui dominando a técnica de punch needle e ponto russo, que são feitos com agulhas e tecido base, por mais ou menos um ano, até iniciar os estudos da em tufting, que é a técnica que utilizo hoje, com pistolas de tufagem.

      O seu processo de criação envolve recortes em papel. Poderia nos contar mais sobre essa técnica e como a “calmaria de tecer” contribui para a profundidade e a textura das suas obras?
      Os estudos para as tapeçarias que desenvolvo são feitos com recortes em papel, muito inspirados em uma das fases de criação do Matisse. Eu disponho os recortes sobre uma superfície e fico por horas fazendo composições — é aí que mora a calmaria para mim. Eu retorno à minha infância, quando passava horas debruçado fazendo composições com meu brinquedo preferido: o Lego. Com as composições prontas, eu inicio o processo de estudo de cores e texturas, ambos são muito intuitivos e representam o estado emocional que me encontro.

      Sua trajetória abrange várias formas de arte, desde fotografia até tapeçaria. Como essas diferentes experiências artísticas influenciam suas criações atuais e de que forma elas se interligam?
      Todo o resultado do que produzo hoje é fruto da minha bagagem visual. Como artista autodidata, sempre fui encontrando caminhos para me expressar. Pela fotografia conto muito da minha forma de ver o mundo, assim como nas pinturas e também na curadoria que faço na Diária. Tudo isso se interliga e deságua nas tapeçarias, forma que encontrei de mergulhar mais profundamente em mim mesmo.

      Suas obras também são inspiradas pelo movimento modernista e pela observação da natureza. Como esses elementos se manifestam em suas tapeçarias e como eles refletem suas vivências pessoais? 

      O movimento modernista, assim como outros movimentos de vanguarda, me inspiram muito pela atemporalidade. Vejo muita beleza nessa forma de ser atual, sem estar preso na estética da tendência do momento.

      Como a arquitetura influencia o seu processo criativo na tapeçaria e de que maneira você acredita que suas obras podem contribuir para uma vida mais feliz nos espaços onde são inseridas?

      A arquitetura, assim como o design, são paixões que carrego comigo. Como a minha formação foi fora da área criativa, encontrei de forma autodidata a estudar sobre esses temas, e me expressar me inspirando nas linhas e traços que cresci admirando em Curitiba, especialmente aqueles criados entre a década de 50 a 70, época que também foram criadas muitas tapeçarias que influenciam meu trabalho. As tapeçarias trazem aconchego e vida para os espaços. Busco conseguir levar um pouco do meu universo para os ambientes onde elas estão. Sempre com muita leveza, mostrando meu lado solar de ver a vida.

      A valorização do trabalho de artistas locais é uma parte fundamental dos projetos da IDEE. Como você vê a importância de promover a arte local na arquitetura e no design de interiores, e como isso impacta a comunidade?

      Essa característica da IDEE foi uma das que mais me deu orgulho em participar do projeto Casa Nomaa. Valorizar a arte local é importantíssimo. Temos tantas pessoas talentosas, principalmente em Curitiba, e a IDEE dar espaço para elas é incrível. Fiquei muito grato pelo convite para estar entre tanta gente talentosa.

      Acompanhe mais sobre o trabalho do Raphael Dias:
      @raphael_dias | raphael-dias.com | @acervo.diaria

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      Autor
      carol.gelinski
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